Lançamento do Livro Eletrônico sobre Direitos das Pessoas com Deficiência

Acesse gratuitamente nas plataformas do Smashwords ou baixe através do link: E-book – Seminário de Inclusão – Direito das Pessoas com Deficiência (com acessibilidade) – Práxis Sistêmica. O livro também está disponível pelo Kindle da Amazon por um preço simbólico.

O lançamento do livro eletrônico foi online no dia 12 de setembro de 2020, das 09h às 12h e a gravação disponível no youtube, conforme programação abaixo.

 

PROGRAMAÇÃO

09h | Apresentação do livro sobre o direito das pessoas com deficiência

Ruth Barbosa, filósofa e integrante da Práxis Sistêmica
Caio Souza, advogado e presidente da CDPD-OAB/RJ
Marcos Weiss Bliacheris, advogado da união e ativista pela inclusão e acessibilidade
Amir Ribemboim Bliacheris, estudante e autista
Debate

10h30 | Novos diálogos sobre Inclusão e Acessibilidade

Juliana Lopes, advogada e integrante da Práxis Sistêmica
Luís Claudio Freitas, procurador do Banco Central e ativista pela inclusão e acessibilidade
Gabriela Pereira, idealizadora e coordenadora do AMPARA, criadora do canal FAMÍLIA ATIPICA
Bárbara Bellaguarda, guerreira e resiliente. Superando todos os diagnósticos foi alfabetizada e cursou o Colegial. É artesã, massoterapeuta e tem aula de canto
Debate

11h30 | Encerramento com os músicos Luiz Guilherme Ganimi e Luanda Oliveira 

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COMUNICADO

Tendo em vista a situação que agrava a cada momento, a curva ascendente da contaminação pelo coronavírus, decidimos, com o coração apertado mas atendendo a responsabilidade social, cancelar o próximo módulo.

Crescemos juntos!

Neste momento em que a contaminação aumenta a cada hora, precisamos ter consciência da nossa responsabilidade junto as pessoas não apenas com os nossos.

Quando a curva decrescer e estabilizar, mostrando que o vírus entrou em estado de “compartilhamento da vida” conosco, voltaremos as nossas atividades.

Não é uma decisão fácil tendo em vista a alegria que todas nós da Práxis sentimos quando estamos juntas, no processo de aprendizado do Curso de Formação em Constelação.

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O Dilema de Sísifo do Poder Judiciário Brasileiro por André Tredinnick

No mito, Sísifo foi condenado a carregar uma pedra até o cume de uma montanha e, quando estava para completar o seu dever, a pedra sempre rola ao pé da montanha, e Sísifo tem de reiniciar a tarefa novamente, por toda a eternidade.

Quem foi Sísifo na mitologia grega, o que nos informa a tradição sobre esse personagem e porque foi dessa forma punido? Precisamos assim retornar às fontes originárias, na tentativa de compreender essa representação.

Em uma das mais antigas representações do Mito de Sísifo, Rei de Corinto e o mais astucioso dos homens(1), ele se encontra no mundo dos mortos, observado por Perséfone em seu palácio no Tártaro, carregando em suas mãos uma pedra gigantesca da base de uma montanha em direção ao cume (Ânfora, VI A.C.).

Várias são as versões que explicam porque Sísifo teve essa sorte. Em uma delas teria até usado de astúcia para descobrir que Autólicos era um ladrão de gado. Esse ladrão ardiloso roubava o gado e o transformava, de modo que o proprietário não podia mais reconhecê-los no dia seguinte. Sísifo, contudo, marcou os animais nos cascos. Na outra, enviado ao Tártaro por desobedecer Zeus, enganou a morte personificada em Tânatos. Elogiou sua beleza e com isso a convenceu a aceitar um colar, que na verdade era uma coleira, o que aprisionou a morte, impedindo que as pessoas morressem. Hades não admitiu essa situação e libertou Tânatos e enviou Sísifo para o mundo dos mortos. Porém, Sísifo pediu à esposa para não sepultá-lo e com isso convenceu Hades a deixá-lo voltar para o mundo dos vivos por um dia para providenciar seu enterro. Quando retornou, fugiu com sua esposa. Acabou capturado por Zeus.

Por esses fatos desses recebeu a conhecida pena eterna.

Mas diante dessas versões do Mito de Sísifo, apenas nas Fábulas de Caio Júlio Higino vemos que a tragédia familiar foi a causa de sua sorte no Hades(2).

Nessa obra(3), os filhos de Éolo, os irmãos Sísifo e Salmoneu possuíam rivalidade tal que se tornaram inimigos odientes. Sísifo perguntou ao oráculo de Delfos, como poderia eliminar o irmão. Interpretando a vontade de Apolo, o oráculo lhe disse que, se violentasse Tiro, filha de seu irmão Salmoneu, e tivesse filhos com ela, eles seriam seus vingadores. Sísifo perpetra o ignóbil crime e Tiro engravida de gêmeos. Nascidas as crianças, a mãe, sabedora da maldição, as mata.

O que aconteceu com Sísifo? Nessa interpretação devemos ter cuidado com as “aproximações” da patrística na interpretação dos termos: “Mas, quando Sísifo descobriu (…) Diz-se que agora, devido à sua impiedade (4), nas regiões inferiores (5) rola com os ombros uma pedra monte acima, e que, quando a conduz até o extremo cume, em seguida ela rola novamente para baixo, às suas costas”(6). Essa pedra, que HOMERO lembra ser monstruosa (7) – (Odisseia, Canto XI, 593-4), não é empurrada, mas carregada nos ombros de Sísifo morro acima, num esforço eterno, porém inútil.

Nas palavras de CAMUS: “Ils avaient pensé avec quelque raison qu’il n’est pas de punition plus terrible que letravail inutile et sanses poir.”(8). Não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.

Na verdade, para Camus, existencialista, Sísifo teria decidido compreender que não se encontrava em uma expiação, mas que se colocava por vontade própria naquele esforço, por não aceitar a lei dos deuses, e por sua iniciativa decidiu encenar aquele trabalho repetitivo e eterno; assim, seria livre. “Diante do absurdo devemos, de alguma forma metafórica, nos revoltar. A “revolta” é a consciência de nossa condição, mas sem a resignação”(9).

Essa violência familiar indica a representação dos arquétipos da Hýbris(10), do excesso e da desmedida, e da Dike, do equilíbrio da natureza cíclica. Píndaro(11) alertava que a presença da deusa da desmedida era causa da ruína da cidade.

Essa foi a (hýbris) de Sísifo, termo do grego arcaico que indica sua afronta ou impertinência, ou comumente o uso intencional da violência para humilhar ou degradar, que o coloca no sentido trágico da existência.  anota Alves, com apoio a Boriaud(12) somente Higino, apresenta essa versão do fundamento do castigo de Sísifo. Não a mais divulgada, a de ter revelado o segredo dos deuses. Nem sempre, no conceito de hybris, há o excesso na tentativa de igualar-se o homem aos deuses, ultrapassando o metron, usurpando-lhes as potências ou segredos.

A ideia de pretender ser o que não se é, uma pulsão não de superação, mas de ter-se mais potente do que se é, essa ausência de reflexão autocrítica, incita os humanos a violar a ordem cósmica, onde se inserem os deuses(13). A hybris ameaça revirar a ordem bela e justa do mundo, e é contra essa violação do bem ordenado kosmos que a hybris exige o reequilíbrio do todo, não pela culpa do que se tomou dela, mas para manter “respeito e preocupação com o mundo”(14).

Em determinada medida, se todos os esforços para solucionar uma questão indicam que o problema na verdade é maximizado pelas soluções apresentadas, impõe a inteligênciam mediana que a questão seja analisada por outra perspectiva, buscando uma solução diversa daquela até então empregada, sem resultado.

Para saber mais sobre o assunto, confira o livro “Conversando sobre Constelação Familiar na Justiça.”, coordenada pelos autores André Tredinnick e Juliana Lopes Ferreira e publicada pela Empório do Direito, editora Tirant Lo Blanch, lançada no dia 03 de outubro de 2019.

Notas e Referências

1. Ilíada, IV, 154. Mas Eurípedes, Medeia, 364: “Astuto e famoso por truques inescrupulosos”. In: HOMERO. Ilíada. Trad. Haroldo de Campos. 2 v. São Paulo: Arx, 2003

2. ROSE, H. J. An Unrecognized Fragment of Hyginus, Fabvlae. The Classical Quarterly, 1929, vol. 23, nº. 2, p. 9-99.

3. Ibidem, Fabulae 239.

4. Não como a “falsa adoração aos deuses”, como “impietatem, id est, divini cultus prevaricationem”, negação do termo augustiniano.

5. “Apud inferos”, “entre os mortos”, ou, por metonímia, “mundo inferior”, como em Cícero, Tusc., 1.5.10.

6. Utilizamos as traduções de ALVES e GRANT.

7. HOMERO. Odisseia. Tradução de Odorico Mendes; org. Antônio Medina Rodrigues, pref. Haroldo de Campos. São Paulo: Ars Poetica/EDUSP, 2000, p. 593-594.

8. CAMUS, Albert. Le Mythe de Sisyphe. Paris: Gallimard, second, expanded edition, 1945, p. 301.

9. Ibidem. Grifos acrescidos.

10. Baquílides, na tradução de MELLO (2012):

“Ó troianos diletos-de-Ares

Zeus [que governa do alt]o e tudo vê

não é o responsável pelas grandes dores humanas

mas em [mei]o a todos os homens jaz a chance de

alcançar a reta justiça, companheira do sagrado

Bom Governo (Eunomia) e das prudentes Leis (Themis);

os f[ilhos] dos afortunados com ela escolhem conviver.

Mas a destemida Húbris, que

com variados truques e desatinos

ilícitos vicejando, riquez[a] e poder de um

num instante entrega a outro

para depois enviá-lo à profunda ruína,

aque]la até os arrogantes filhos

da Terra], os Gigantes, destruiu”.

“Ode 15. Ditirambo 1 de Baquílides. The Poems and Fragments. Cambridge University Press. 1905. Odes. 1991. The Annenberg CPB/Project provided support for entering this text. Bacchylides The Annenberg CPB/Project provided support for entering this text.” In: In: MELLO, M. Os ditirambos de Baquílides: um poeta entre dois mundos. 2012. Dissertação (Mestrado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

11. “Hybris (insolência) é a ruína das cidades… Nunca pode a vergonhosa Hybris facção trazer em seu séquito e aproveitar a companhia dos cidadãos, quando eles se esqueceram de sua coragem.” Tradução do próprio autor. In: In: SANDYS, John. The odes of Pindar including the principal fragments. London: William Heinmann. New York: The Macmillan Co., 1915, p. 151.

12. É notável a singularidade dessa versão da causa do castigo de Sísifo, transmitida apenas por Higino nesta fábula, cf. Boriaud (1997, p. 53 nota ad loc.): “Este episódio é transmitido apenas por Higino” (“Cet épisode est donné par le seul Hygin”). Hoyo e Ruiz (2009, p. 145 nota 325) sugerem a possibilidade de se derivar de algum texto teatral. Na versão mais conhecida, o crime de Sísifo teria sido revelar a Asopo quem havia raptado a filha deste, Egina (Ésquilo, frag. 225-234; Apol. Bibl. I. 9, 4; Paus. II. 5. 1); ou, ainda, ter revelado os segredos dos deuses (Serv. A. En. VI, 616). Cf. ainda Rose (1963:42-48). É nesse esforço inútil, resultado dessa desmedida, antinatural, de pretender solucionar de modo unificado todos os conflitos, que surge a hýbris do Poder Judiciário brasileiro.

13. FERRY, LUC. A Sabedoria dos Mitos Gregos. São Paulo: Saraiva, 2009.

14. Idibem, p. 171.

 

Imagem Ilustrativa do Post: família // Foto de: MabelAmber // Sem alterações

Disponível em: Pixabay

Licença de uso: https://creativecommons.org/publicdomain/mark/2.0/

 

O TEXTO É DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO AUTOR, NÃO REPRESENTANDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO OU POSICIONAMENTO DO EMPÓRIO DO DIREITO.

 

Publicado originalmente em Empório do Direito

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O dia em que Minha Consciência se tornou Negra

O feriado do dia vinte de novembro é comemorado desde 2003, mas oficialmente foi instituído em âmbito nacional mediante a lei n° 12.519 em 2011. A data é um convite a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade e um marco na luta contra o racismo, pois nesse dia foi morto Zumbi dos Palmares no ano de 1695. Embora os negros representem 55,4% da população brasileira, pesquisas apontam que a representatividade dessa galera está muito aquém do que deveria, e isso no âmbito educacional, social e econômico. Quero convidá-lo para uma conversa também sobre esses números, mas principalmente para uma reflexão sobre um tipo de preconceito que ainda não foi mensurado e que tem causado danos irreparáveis. Vem comigo nesse bate papo?

A definição de racismo se dá sobre o preconceito e discriminação direcionados a quem possui uma raça ou etnia diferente. Para os que vivem na pele essa teoria, existe uma forma mais prática de definição: “Seguranças de um shopping center já me seguiram sem motivo algum”; “Já me disseram que meu corpo era perfeito mas que eu deveria usar um saco de papel na cabeça porque o rosto e o cabelo não ajudava”; “Certa vez um médico oftalmologista recusou-se a prestar atendimento alegando que meu problema não era de visão e sim de analfabetismo, mesmo sendo eu formada”; “sempre tive problema com baixa autoestima e no dia que resolvi conversar com uma psicóloga, ela me orientou a juntar dinheiro e fazer uma cirurgia plástica para diminuir os lábios e afinar o nariz”. Essas são algumas das minhas experiências de racismo, mas tem muita gente por aí achando que a melhor definição seria mimimi.

Para os que tiveram oportunidade de acompanhar a Exposição Histórias Afro-Atlânticas no Masp em São Paulo, observou um vídeo gravado no Rio de Janeiro há poucos anos que instruía a população negra como se portar caso fossem abordados por policiais, minimizando os riscos de serem mal interpretado (julgados como criminosos).

“Ao longo de 300 anos o Brasil recebeu cerca de 46% dos 11 milhões de africanos e africanas que desembarcaram compulsoriamente nesse lado do Atlântico.” Apesar desse grande número, pouco se vê ou ouve sobre a cultura africana nesse país. Como diz Lázaro Ramos no livro Na minha Pele: “Ao contrário do que nos ensinaram nas escolas, Zumbi dos Palmares nunca foi um rebelde, mas alguém que lutou veemente contra um sistema que não era justo. Nunca deveríamos chamar nossos ancestrais de escravos, e sim de africanos escravizados, e que a liberdade não veio de uma canetada da princesa imperial, mas após muita luta”.

É exatamente sobre essas entrelinhas que gostaria de convidar você meu querido leitor a refletir. Existe um tipo de racismo, não apenas em nosso país, mas no mundo, que não pode ser mensurado, porém é tão prejudicial quanto aquele verbalizado ou explicito em ações preconceituosas.

– Ok Solange alguns dados que você trouxe aqui já entendi, o que não entendi ainda foi essa história de que sua consciência não era negra.

Já viram o vídeo no YouTube chamado “Wish a Doll (Black Doll White Doll Experiment)?

Inconscientemente essas crianças de alguma forma associaram a cor da pele negra como sendo feia e mau.

Há uns sete anos um amigo questionou o porquê eu não deixava o cabelo natural. Prontamente respondi porque não queria, gostava dele liso. Faz exatamente um ano que cortei o cabelo e estou deixando crescer sem o uso de química. Não foi uma decisão fácil, chorei durante uma semana. E só cortei mesmo porque na época minha chefe Márcia Regina, garantiu de todas as formas que eu não desistisse. Foi após esse episódio que entendi que a resposta à pergunta do meu amigo na verdade seria, “porque tenho medo”.

O medo que inconscientemente mantive por anos e só o percebi recentemente foi plantado e suprido por pequenas ações da mídia e também por pessoas próximas. Frase simples, ditas de forma incompreensível, mas carregada de crueldade, como por exemplo “Vai sair com o cabelo assim!?”

Qual conceito de beleza nos foi ensinado? Quantas vezes os negros atuaram e ainda atuam em papeis que os retratem exclusivamente como serviçais. “Essas são marcas que ficam gravadas como tatuagem e nem sempre percebemos seu efeito em nós”.

As palavras negro e resistência tomaram-se sinônimos. Os discursos acalorados e emocionados quase nos fazem acreditar que uma vida de resistência é uma vida boa. Já imaginou quanta resistência existe em cada olhar de desconfiança, repulsa ou pena; resistir todas as vezes que não fomos considerados padrões de beleza… São pequenos incômodos- que para muitos inexistente — que nos fazem não apenas resistir, mas também deixar de existir.

O dia 20 de novembro faz parte de um movimento importante, em que todos devem compreender o quanto a cultura negra é sensível e profunda. Porém mais do que um dia de militância, deve ser um dia de consciência, sobre si e os outros. Aprendi que o amor próprio de um negro é construído. Demorei trinta anos para entender, mas estou construindo o meu. Hoje não só respeito meus traços físicos como os admiro, eu tomei consciência.

Meu amigo se você seguiu até aqui, permita-me dizer algumas palavras mais.

Não gostaria que mais nenhuma criança negra precisasse tomar consciência do quanto sua cultura é rica e profunda. Mas para isso precisamos estar mais atentos. Sem dúvidas, medidas públicas devem ser criadas e incentivadas. Porém cruzar os braços e esperar unicamente pelo governo é o mesmo que apoiar a cultura do racismo no Brasil. O processo de tornar a consciência negra ainda não é natural, exige um outro olhar, exige colocar-se no lugar do outro, exige olhar para si, envolve dor e resistência, mas por fim, é um movimento libertador. Seja você negro ou não… A luta envolve todos!

Divido aqui alguns materiais que me ajudaram nesse processo:

TED “O perigo da história única”.

Livro: Na minha Pele, Lázaro Ramos.

Livro: O olho mais azul (ainda não li, mas é uma forte indicação).

Peça: Todo camburão tem um pouco de navio negreiro.

Peça: O Topo da Montanha, com Lázaro Ramos e Taís Araújo.

Talk Show: Entrevista de Barack Obama para David Letterman.

AUTORA:

Solange Luz -CONTENT Marketing Leader da Voicers. Responsável pela curadoria e criação de conteúdos www.voicers.com.br

Publicado originalmente em Emporio do Direito.

 

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Tudo Muda 

Vivemos em um eterno processo de mudanças. Tudo muda! O tempo todo. As coisas mudam. A única coisa que não muda é a própria mudança. Contudo, quase sempre, nós resistimos. Desde muito cedo, olhamos as mudanças como inimigas ou destruidoras do nosso conforto. Quando éramos crianças, por vezes, os adultos personificavam um terreno permeado pelo medo, insegurança, gritos ou ausências.

Depois, quando nos tornamos adultos, chegam responsabilidades associadas ao peso de frases, tais como: “comerás o pão com o suor do seu rosto.”. A vida, que deveria ser fluida, vai se tornando pesada com a internalização de inúmeros padrões familiares, sociais e culturais. Dessa forma, seguimos uma vida inteira arrastando correntes de crenças que impedem o florescimento de nossas potencialidades.

No entanto, as mudanças são inevitáveis. E quando conjugadas aos processos internos de resistência resultam em dor e sofrimento. O resultado desse processo é o caos que se instala, obrigando-nos a decidir: retornar ao conforto conhecido ou despertar o próprio potencial para explorar o novo.

Poucas pessoas percebem que a fé em um Criador é fundada na crença em si. Afinal, do que adianta acreditar que existe um Criador e não acreditar na criação? Dito de outra forma: como acreditar em um Criador e não acreditar em si mesmo(a)?

Aliás, não nos disseram que as pessoas são como são. Não nos disseram que existe uma grande variedade de formas de ver o mundo, tampouco que cada pessoa vê o mundo de um modo particular. É certo que podemos escolher viver em relações familiares e sociais como também podemos escolher não conviver. Essas opções, entretanto, não nos impedem de compartilhar conhecimentos, disponibilidades e recursos com as outras pessoas. Convivendo ou não com determinadas pessoas, nada impede o exercício da solidariedade com senso, prudência, alegria e fé.

Além disso, a escolha de abrir a alma para o novo vem associada ao receio de não dar conta do desconhecido. Esse sentimento decorre da crença na existência de um mundo hostil e povoado de problemas. Os problemas, contudo, são apenas construções humanas. Na qualidade de seres humanos e, portanto, dotados de força interna inerente à condição humana, estamos aptos a encontrar as melhores soluções.

Note-se que sempre será possível escolher retornar ao conforto anterior, mas a sensação de vazio decorrente dessa escolha é implacável e rapidamente se instala. Daí a existência de pessoas que, sistematicamente, preenchem a própria existência pela busca de distrações. No entanto, a tentativa de apartar-se da realidade é potencialmente geradora de brechas para a chegada da depressão e, novamente, do caos.

Então, acreditar na própria potencialidade e nas infinitas possibilidades que estão ligadas as escolhas, estas que tanto podem ser escolhas por mudanças ou opções pela paralisia, darão o tom da música interna que ouviremos. 

Aproveitando a oportunidade, sugiro a música Todo Cambia, de Mercedes Sosa, para ouvirmos com a Alma.

Todo Cambia

Cambia lo superficial

Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia el más fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subxiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
Por más lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Pero no cambia mi amor
Por más lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Tudo Muda 

Muda o superficial
Muda também o profundo
Muda o modo de pensar
Muda tudo neste mundo

 

Muda o clima com os anos
Muda o pastor e seu rebanho
E assim como tudo muda
Que eu mude não é estranho

Muda o mais fino brilhante
De mão em mão seu brilho
Muda o ninho o pássaro
Muda a sensação de um amante

Muda o rumo do andarilho
Ainda que isto lhe cause dano
E assim como tudo muda
Que eu mude não é estranho

Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda

 

 

Muda o sol em sua corrida

Quando a noite o substitui
Muda a planta e se veste
De verde na primavera

Muda a pelagem a fera
Muda o cabelo o ancião
E assim como tudo muda
Que eu mude não é estranho

Mas não muda meu amor
Por mais longe que eu me encontre
Nem a recordação nem a dor
De meu povo e de minha gente

O que mudou ontem
Terá que mudar amanhã
Assim como eu mudo
Nesta terra tão longínqua

Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda

 

 

Mas não muda meu amor
Por mais longe que eu me encontre
Nem a recordação nem a dor
De meu povo e de minha gente

O que mudou ontem
Terá que mudar amanhã
Assim como eu mudo
Nesta terra tão longínqua

 

Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda, tudo muda

 

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Ruth Barbosa conversa com juíza Andréa Pachá sobre peça de teatro “Casa da familia” na rádio CBN

Coluna A Vida na Justiça com juíza Andrea Pachá da rádio CBN apresentou no último programa o tema Constelação Familiar como uma técnica alternativa para resolver conflitos familiares. Ruth Barbosa presidente da Associação Práxis Sistêmica trouxe sua experiência e conhecimento nessa área para auxiliar na compreensão dessa nova técnica utilizada na justiça.

Acompanhe alguns trechos dessa entrevista.

Juíza Andrea Pachá: “A gente tem que lembrar que todas as vezes que falamos em uma ruptura afetiva, no fim de um casamento, nos conflitos que envolvem guarda de filhos, pensão alimentícias, estamos falando de um momento muito difícil para as pessoas que passam por ele. São dores profundas que nem sempre podem ser resolvidas com uma sentença  ou com intervençãodo Estado, é bom lembrar que a gente vive em um momento social em que grande parte das pessoas é refratárias a qualquer tipo de contrariedade, a qualquer tipo de perda, então lidar com perda nessa sociedade tem sido muito difícil. Há uma urgência em passar pelos problemas como se existisse uma vara magica que restabelecesse o afeto, ou que fizesse as pessoas sofrerem menos. A gente precisa enfrentar o momento da dor, precisa saber que aquele momento vai passar e buscar alternativas que não são encontradas apenas na justiça mas em outras portas que se abrem para auxiliar nesse momento de luta e de perda, a terapia, as mediações, a possibilidade de fortalecimento da autonomia de vontade, para que as pessoas possam compactuar sobre as questões objetivas  do divórcio com menos dor ou com menos sofrimento.

Bianca: Essas técnicas estão no centro de uma peça de teatro, vamos conversar com a presidente da Associação Práxis Sistêmica Ruth Barbosa, para falar sobre esse espetáculo que está em cartaz no Centro Cultural do Poder Judiciário e tem como pano de fundo a prática chamada Constelação Familiar…

Ruth Barbosa: Estamos há quatro anos fazendo esse trabalho na Justiça, e quando você fala sobre questões das pessoas terem dificuldade com a dor e buscarem sair dela com a mais rapidez possível, é verdade, porque existe uma construção social para isso. Quando as pessoas desaguam na justiça elas querem que alguém resolva aquela dor que elas têm, e encontram muitas vezes barreiras imensas porque são vistas como números de processos. Apenas quando acontece pessoas como você Andrea Pachá, Dr. André Tredinnicke, Mylène Vassal e outros que já tem um novo olhar para essas pessoas, e elas se sentem vistas. Um dos grandes problemas que enfrentamos na sociedade atual é exatamente pessoas que não são vistas, nessa sociedade partida algumas pessoas são totalmente invisíveis.

Bianca: E essa peça de teatro coloca justamente essas pessoas como protagonistas. A peça está em cartaz na próxima semana nos dias 30 de outubro e 01 de novembro.

Ruth Barbosa: “Casa da Família” é um trabalho de final do curso de Formação de Consteladores. A peça escrita por Cristina Biscaia roteirista em colaboração com o Dr. André Tredinnicke e comigo, relata os casos que aparecem, porque todos os casos que desaguam no judiciário têm um ponto em comum, todos querem ser felizes, e não conseguem porque tem seus próprios emaranhamento. Como se aprende a amar? Não se aprende amar, se aprende a odiar, a sociedade produz isso, os próprios sistemas familiares equivocados produzem isso. O espetáculo foi apresentado no espaço Arena Dricó, na Penha, ficamos emocionados de ver as pessoas rendidas a arte, porque a arte salva.

Bianca: Teremos uma sessão inclusiva, com áudio descrição e intérprete de Libras, no palácio da justiça no Rio de Janeiro, na próxima quarta e quinta feira, na rua Dom Manoel, 29. Entrada Gratuita, ingressos distribuídos 30 minutos antes do evento. Dr. Andrea nada como aproxima o cidadão da Justiça através da arte.

Juíza Andrea: Tem uma coisa que é muito interessante principalmente Direito de Família, quando você vê o teu sofrimento reproduzido em um filme, no teatro em uma novela em um livro, você se sente menos solitário, porque você percebe que a tua dor é parecida com a dor de muitas outras pessoas. O Dr. André Tredinnicke é um juiz excelente e tem trabalhado de uma forma muito insistente nessas alternativas de soluções de litígios e não um enfrentamento judicial… Então todo mundo que tiver oportunidade eu sugiro assistir ao espetáculo que é de graça, é uma forma de entender como funciona esse mecanismo, e entender também que dentro do judiciários faz usos de métodos que não são sentenças que não são prisões, mas que são espaços nos quais as próprias pessoas conseguem buscar soluções para seus conflitos…

Ouça a entrevista completa em:

CBN Direito de Família – Andréa Pachá

Foto: Marcos Queiroz

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