Lançamento do Livro Eletrônico sobre Direitos das Pessoas com Deficiência

Acesse gratuitamente nas plataformas do Smashwords ou baixe através do link: E-book – Seminário de Inclusão – Direito das Pessoas com Deficiência (com acessibilidade) – Práxis Sistêmica. O livro também está disponível pelo Kindle da Amazon por um preço simbólico.

O lançamento do livro eletrônico foi online no dia 12 de setembro de 2020, das 09h às 12h e a gravação disponível no youtube, conforme programação abaixo.

 

PROGRAMAÇÃO

09h | Apresentação do livro sobre o direito das pessoas com deficiência

Ruth Barbosa, filósofa e integrante da Práxis Sistêmica
Caio Souza, advogado e presidente da CDPD-OAB/RJ
Marcos Weiss Bliacheris, advogado da união e ativista pela inclusão e acessibilidade
Amir Ribemboim Bliacheris, estudante e autista
Debate

10h30 | Novos diálogos sobre Inclusão e Acessibilidade

Juliana Lopes, advogada e integrante da Práxis Sistêmica
Luís Claudio Freitas, procurador do Banco Central e ativista pela inclusão e acessibilidade
Gabriela Pereira, idealizadora e coordenadora do AMPARA, criadora do canal FAMÍLIA ATIPICA
Bárbara Bellaguarda, guerreira e resiliente. Superando todos os diagnósticos foi alfabetizada e cursou o Colegial. É artesã, massoterapeuta e tem aula de canto
Debate

11h30 | Encerramento com os músicos Luiz Guilherme Ganimi e Luanda Oliveira 

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A Inclusão Sob a Ótica dos Sistemas Operacionais Criacionistas e Evolucionistas

Coluna Práxis / Coordenadora Juliana Lopes Ferreira

Estamos num momento histórico no qual alguns comportamentos tidos como naturais começam a ser questionados. E provocam mudanças nem sempre entendidas pela maioria das pessoas e que entram numa rota de difícil retorno.

A conquista pelos direitos humanos, o voto feminino, por exemplo, foram anomalias no início. Anomalia que, segundo Thomas Kuhn, “é uma violação as expectativas paradigmáticas que governam a ciência normal(1).

Trazendo o mesmo conceito para o desenvolvimento da sociedade humana, violar as expectativas de uma sociedade patriarcal é o caminho da evolução da sociedade e, assim, as mulheres começam a conquistar um lugar na estrutura social.

A luta pela implantação dos Direitos Humanos e pelo respeito à Natureza, a inclusão dos chamados “diferentes”, por exemplo, ensejam mudanças inicialmente quase imperceptíveis, mas que abrem caminho nas fraturas do sistema social em vigor que já não responde aos anseios da Alma humana. Esse movimento configura o surgimento de uma Nova Estrutura, composta do que antes era considerada anomalia e que será a base do novo modelo paradigmático.

A exclusão sempre foi um recurso usado pela humanidade para não entrar em contato com o diferente, com o que não cabia na interpretação de um mundo resultante de um sistema rígido e de hierarquia verticalizada. Os loucos, os deficientes, os que questionavam o rígido e o hierarquizado, com escoras no sagrado e no misterioso, eram excluídos.

Assim como na Natureza, tudo segue um fluxo de desenvolvimento. É assim, também, no desenvolvimento das sociedades e na evolução do conhecimento, possibilitando um movimento espiralado de avanços sociais e existencial (2).

O progresso não é ascendente e não se eleva, não se dirige para cima ou para um cume de verdades absolutas. O desenvolvimento seja do conhecimento ou da consciência humana é expansivo. Não existe acima, nem abaixo. Sempre varrendo as teorias ou conceitos que já não respondem ao anseio humano, o que permanece em algum momento não terá resposta para as novas questões que surgem no futuro. Daí a provisoriedade das verdades, cientificas ou não (3).

Para Karl Popper, filósofo austríaco, viver é um processo de solução de problemas até mesmo para uma ameba. E para resolver qualquer problema “P” é preciso criar uma teoria “T”. Eliminar os erros “EE” da teoria e chegar a uma solução “S”. E essa solução trará embutida em si mesma novos problemas “Pn” que não existiam no problema “P”, necessitando de novas teorias para chegar a novas soluções.

À medida que o conhecimento vai avançando, como indivíduo e como sociedade, a forma de organização também vai se transformando. E o que antes era aceitável passa agora a ser inadmissível.

Mas não é sem reação que acontecem as mudanças nos sistemas e na consciência humana. Novas teorias são criadas para atender as novas perguntas resultantes desta evolução e da seleção natural de organizações humanas. As anomalias podem ser deixadas de lado ou podem se impor fazendo surgir a necessidade de um novo modelo para dar conta das novas questões que surgem.

A inclusão dos chamados deficientes se impõe no novo modelo de convivência entre os humanos, indicando o surgimento de uma Nova Estrutura que olha o Ser dentro de um corpo e não um corpo que tem um Ser. Para este Ser, o corpo do jeito que é conduz o fluxo da Vida que pode se manifestar de forma diferente do padrão criado culturalmente.

A sociedade se construiu tendo como padrão o atendimento da maioria. Para a sociedade, obrigatoriamente, todos teriam os cinco sentidos e o corpo completo para ser aceito. Estes conceitos estavam em consonância com o Sistema Operacional Criacionista.

O sistema operacional criacionista está fundamentado no mito da criação do mundo por um ser divino que fez a terra e todo os seres viventes em seis dias. Um ser que, tendo criado o homem e vendo que não era bom que ele estivesse sozinho, criou a mulher, precisando, para tal, retirar o DNA a ser modificado da costela de sua criação máxima: o homem. Assim, no mito, homem e mulher são colocados no paraíso, onde tudo está feito e perfeito. Nada a fazer, portanto, impossibilitando aos seres criados, perfeitos, o acesso à criatividade. Para eles, apenas o viver.

Ainda bem que a criatividade feminina botou o plano de limitação da raça humana a perder. Pela observação da cultura das sociedades através dos milênios, os sistemas de pensamento criados a partir desse sistema operacional produziu sistemas sociais fechados, com verdades absolutas e onde o que não é perfeito precisa ser escondido para não colocar em xeque a perfeição divina. E como, no mito, houve a expulsão do paraíso, a tendência dos sistemas de pensamento conectados e operados pelo criacionismo é sempre achar que antigamente era muito melhor que hoje.

Já o Sistema Operacional da Evolução da Espécie e Seleção Natural abarca todas as mudanças, sendo ligado as anomalias que podem (ou não) forçar a busca de explicações mais lógicas através da criatividade humana e do desvelamento do funcionamento de si e da Natureza para o aprimoramento da Natureza e do humano.

O Sistema Operacional baseado no mito da criação opera os sistemas fechados, de hierarquia verticalizada, com forte tendência ao pertencimento e ao controle do que se dá e do que se recebe. Não bastasse a criação no mito ser mágica, acrescentou-se a culpa pela desobediência, momento único no qual o homem seguiu, a contragosto, a inquietação criativa da mulher em relação à maçã. O resultado foi a punição por ousarem criar uma forma de viver saindo do tédio da perfeição.

O criacionismo como mito teve a função de naturalizar o controle do homem sobre a mulher, subordinando-a, sem perceber o grave efeito colateral para o homem: o peso de ser o protetor, o forte, a cabeça pensante. Sem contar o peso tanto do homem quanto da mulher: sempre serem e terem filhos perfeitos, dentro de uma perfectibilidade inexistente.

Mas para aliviar um pouco a pressão interna e externa é oferecida a possibilidade de ser “escolhido e capacitado” para ser o diferente: sistema binário, fechado, onde tudo que foge do já estabelecido não tem pertencimento.

O esgotamento desse sistema é perceptível pela implosão da sociedade patriarcal através dos movimentos dos direitos do Ser, tenham os cinco sentidos ou não, tenham corpos completos ou não. Este Ser pode se expressar da maneira que lhe aprouver ou lhe for possível, buscando o conforto existencial da forma que sua Autonomia Existencial lhe permitir: sem culpa, sem medo e com uma profunda alegria de viver.

O mundo comporta infinitas possibilidades de interpretação. Cada Ser é um universo em ebulição e a humanidade que ainda não chegou, ainda,  ao ápice do Homo Sapiens (4), caminha, ora em passos lentos, ora em compasso de espera, rumo à implantação da  Ética da Solidariedade (5), num trabalho de expansão da consciência, do conhecimento e que faz parte de mudanças regidas pela Vontade que é, simplesmente, a expressão da Potência do Além Homem Nietzschiano.

A inexorabilidade do processo de desenvolvimento humano impele este Ser de construir as condições necessárias para superar a condição ainda não humana de excluir quem não faz parte do padrão estabelecido.

Nos sistemas fechados a troca dos elementos com o exterior é mínimo. A grande atividade fica restrita a comunicação entre os elementos internos. O sistema aberto interage com o meio externo (6). O crescimento do conhecimento se dá na interação das várias teorias para que haja uma seleção natural e permaneça as que trazem mudanças nos sistemas.

Assim também acontece nos sistemas sociais. Quando fechados, permanecem presos à tradição, fazendo sempre o mesmo e, consequentemente, obtendo o mesmo resultado.

O Sistema Operacional Evolutivo é aberto, sempre submetido a busca pelo aprimoramento dos instrumentos que possibilitam mudanças estruturais.

No reino animal a seleção das espécies se dá seguindo leis de sobrevivência, o mais forte ou o que tem a melhor estratégia seguem. Já no reino hominal a evolução seguindo os sistemas de pensamento criados desde a caverna, quando ficavam juntos apenas para garantir a sobrevivência da espécie. Com o tempo surge na alma humana o anseio de estar junto para conviver e aparecem as tribos. Com o passar do tempo a vontade de querer as coisas por si, sem tutela dos mais velhos como era nas tribos. E aparecem os impérios: ambição desmedida, sendo os interesses privados colocados acima de tudo e de todos. Logo surge outro anseio na alma humana por uma sociedade organizada, aparecendo os Estados: lei e ordem, cada um no seu lugar (2).

Como não se pode fugir do desejo de expandir, é criado outro sistema de pensamento em que a criatividade ocupa o lugar principal. Há que se criar estratégias para chegar onde se quer, sem a força bruta. Mantendo a estratégia, novo sistema de pensamento aparece com hierarquias horizontais e fortalecimento dos direitos das mulheres. O lema desse sistema de pensamento é olhar para si e para o outro, seja quem for este outro: árvore, bicho ou gente. O movimento Hippie traz mudanças nos comportamentos e nas roupas embalado pelo rock and roll (2).

A partir daí, o próximo sistema que surge com a hierarquia em rede, na qual a competência e o conhecimento dão o tom das relações em suas múltiplas facetas. Conhecimentos múltiplos, cada um com sua importância em dado momento. Daqui para frente os sistemas de pensamentos se sofisticam olhando a si, ao outro, a Natureza e aos Universos. E as pessoas que já olham o mundo por esta janela querem mais. Querem todos com as mesmas oportunidades e possibilidades para escolherem o que mais as fazem felizes.

Com a inclusão de todos em uma comunidade viva em rede se constrói uma força que varrerá para o lixo da história os que pensam deter a caminhada do Ser em suas múltiplas expressões.

Todos, com mãos ou sem, com braços ou sem, com pernas ou sem, com cinco, com quatro, com três, com dois sentidos ou com apenas a capacidade de pensar serão bem-vindos e encontrarão alegria de Viver. A Vida é o Bem Maior. É muito bom viver!!

 

Notas e Referências

KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. 2ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2013.

BECK, Don Edward; COWAN, Christopher C. Dinâmica da Espiral: Dominar valores liderança e mudanças. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.

POPPER, Karl. O eu e seu cérebro. Campinas: Papirus; Brasília: UnB, 1991.

Do latim homem sábio; homem que sabe.

Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro, Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

BERTALANFFY, Ludwig von. Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015

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Tudo Muda 

Vivemos em um eterno processo de mudanças. Tudo muda! O tempo todo. As coisas mudam. A única coisa que não muda é a própria mudança. Contudo, quase sempre, nós resistimos. Desde muito cedo, olhamos as mudanças como inimigas ou destruidoras do nosso conforto. Quando éramos crianças, por vezes, os adultos personificavam um terreno permeado pelo medo, insegurança, gritos ou ausências.

Depois, quando nos tornamos adultos, chegam responsabilidades associadas ao peso de frases, tais como: “comerás o pão com o suor do seu rosto.”. A vida, que deveria ser fluida, vai se tornando pesada com a internalização de inúmeros padrões familiares, sociais e culturais. Dessa forma, seguimos uma vida inteira arrastando correntes de crenças que impedem o florescimento de nossas potencialidades.

No entanto, as mudanças são inevitáveis. E quando conjugadas aos processos internos de resistência resultam em dor e sofrimento. O resultado desse processo é o caos que se instala, obrigando-nos a decidir: retornar ao conforto conhecido ou despertar o próprio potencial para explorar o novo.

Poucas pessoas percebem que a fé em um Criador é fundada na crença em si. Afinal, do que adianta acreditar que existe um Criador e não acreditar na criação? Dito de outra forma: como acreditar em um Criador e não acreditar em si mesmo(a)?

Aliás, não nos disseram que as pessoas são como são. Não nos disseram que existe uma grande variedade de formas de ver o mundo, tampouco que cada pessoa vê o mundo de um modo particular. É certo que podemos escolher viver em relações familiares e sociais como também podemos escolher não conviver. Essas opções, entretanto, não nos impedem de compartilhar conhecimentos, disponibilidades e recursos com as outras pessoas. Convivendo ou não com determinadas pessoas, nada impede o exercício da solidariedade com senso, prudência, alegria e fé.

Além disso, a escolha de abrir a alma para o novo vem associada ao receio de não dar conta do desconhecido. Esse sentimento decorre da crença na existência de um mundo hostil e povoado de problemas. Os problemas, contudo, são apenas construções humanas. Na qualidade de seres humanos e, portanto, dotados de força interna inerente à condição humana, estamos aptos a encontrar as melhores soluções.

Note-se que sempre será possível escolher retornar ao conforto anterior, mas a sensação de vazio decorrente dessa escolha é implacável e rapidamente se instala. Daí a existência de pessoas que, sistematicamente, preenchem a própria existência pela busca de distrações. No entanto, a tentativa de apartar-se da realidade é potencialmente geradora de brechas para a chegada da depressão e, novamente, do caos.

Então, acreditar na própria potencialidade e nas infinitas possibilidades que estão ligadas as escolhas, estas que tanto podem ser escolhas por mudanças ou opções pela paralisia, darão o tom da música interna que ouviremos. 

Aproveitando a oportunidade, sugiro a música Todo Cambia, de Mercedes Sosa, para ouvirmos com a Alma.

Todo Cambia

Cambia lo superficial

Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia el más fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subxiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
Por más lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Pero no cambia mi amor
Por más lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Tudo Muda 

Muda o superficial
Muda também o profundo
Muda o modo de pensar
Muda tudo neste mundo

 

Muda o clima com os anos
Muda o pastor e seu rebanho
E assim como tudo muda
Que eu mude não é estranho

Muda o mais fino brilhante
De mão em mão seu brilho
Muda o ninho o pássaro
Muda a sensação de um amante

Muda o rumo do andarilho
Ainda que isto lhe cause dano
E assim como tudo muda
Que eu mude não é estranho

Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda

 

 

Muda o sol em sua corrida

Quando a noite o substitui
Muda a planta e se veste
De verde na primavera

Muda a pelagem a fera
Muda o cabelo o ancião
E assim como tudo muda
Que eu mude não é estranho

Mas não muda meu amor
Por mais longe que eu me encontre
Nem a recordação nem a dor
De meu povo e de minha gente

O que mudou ontem
Terá que mudar amanhã
Assim como eu mudo
Nesta terra tão longínqua

Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda

 

 

Mas não muda meu amor
Por mais longe que eu me encontre
Nem a recordação nem a dor
De meu povo e de minha gente

O que mudou ontem
Terá que mudar amanhã
Assim como eu mudo
Nesta terra tão longínqua

 

Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda, tudo muda

 

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Ruth Barbosa conversa com juíza Andréa Pachá sobre peça de teatro “Casa da familia” na rádio CBN

Coluna A Vida na Justiça com juíza Andrea Pachá da rádio CBN apresentou no último programa o tema Constelação Familiar como uma técnica alternativa para resolver conflitos familiares. Ruth Barbosa presidente da Associação Práxis Sistêmica trouxe sua experiência e conhecimento nessa área para auxiliar na compreensão dessa nova técnica utilizada na justiça.

Acompanhe alguns trechos dessa entrevista.

Juíza Andrea Pachá: “A gente tem que lembrar que todas as vezes que falamos em uma ruptura afetiva, no fim de um casamento, nos conflitos que envolvem guarda de filhos, pensão alimentícias, estamos falando de um momento muito difícil para as pessoas que passam por ele. São dores profundas que nem sempre podem ser resolvidas com uma sentença  ou com intervençãodo Estado, é bom lembrar que a gente vive em um momento social em que grande parte das pessoas é refratárias a qualquer tipo de contrariedade, a qualquer tipo de perda, então lidar com perda nessa sociedade tem sido muito difícil. Há uma urgência em passar pelos problemas como se existisse uma vara magica que restabelecesse o afeto, ou que fizesse as pessoas sofrerem menos. A gente precisa enfrentar o momento da dor, precisa saber que aquele momento vai passar e buscar alternativas que não são encontradas apenas na justiça mas em outras portas que se abrem para auxiliar nesse momento de luta e de perda, a terapia, as mediações, a possibilidade de fortalecimento da autonomia de vontade, para que as pessoas possam compactuar sobre as questões objetivas  do divórcio com menos dor ou com menos sofrimento.

Bianca: Essas técnicas estão no centro de uma peça de teatro, vamos conversar com a presidente da Associação Práxis Sistêmica Ruth Barbosa, para falar sobre esse espetáculo que está em cartaz no Centro Cultural do Poder Judiciário e tem como pano de fundo a prática chamada Constelação Familiar…

Ruth Barbosa: Estamos há quatro anos fazendo esse trabalho na Justiça, e quando você fala sobre questões das pessoas terem dificuldade com a dor e buscarem sair dela com a mais rapidez possível, é verdade, porque existe uma construção social para isso. Quando as pessoas desaguam na justiça elas querem que alguém resolva aquela dor que elas têm, e encontram muitas vezes barreiras imensas porque são vistas como números de processos. Apenas quando acontece pessoas como você Andrea Pachá, Dr. André Tredinnicke, Mylène Vassal e outros que já tem um novo olhar para essas pessoas, e elas se sentem vistas. Um dos grandes problemas que enfrentamos na sociedade atual é exatamente pessoas que não são vistas, nessa sociedade partida algumas pessoas são totalmente invisíveis.

Bianca: E essa peça de teatro coloca justamente essas pessoas como protagonistas. A peça está em cartaz na próxima semana nos dias 30 de outubro e 01 de novembro.

Ruth Barbosa: “Casa da Família” é um trabalho de final do curso de Formação de Consteladores. A peça escrita por Cristina Biscaia roteirista em colaboração com o Dr. André Tredinnicke e comigo, relata os casos que aparecem, porque todos os casos que desaguam no judiciário têm um ponto em comum, todos querem ser felizes, e não conseguem porque tem seus próprios emaranhamento. Como se aprende a amar? Não se aprende amar, se aprende a odiar, a sociedade produz isso, os próprios sistemas familiares equivocados produzem isso. O espetáculo foi apresentado no espaço Arena Dricó, na Penha, ficamos emocionados de ver as pessoas rendidas a arte, porque a arte salva.

Bianca: Teremos uma sessão inclusiva, com áudio descrição e intérprete de Libras, no palácio da justiça no Rio de Janeiro, na próxima quarta e quinta feira, na rua Dom Manoel, 29. Entrada Gratuita, ingressos distribuídos 30 minutos antes do evento. Dr. Andrea nada como aproxima o cidadão da Justiça através da arte.

Juíza Andrea: Tem uma coisa que é muito interessante principalmente Direito de Família, quando você vê o teu sofrimento reproduzido em um filme, no teatro em uma novela em um livro, você se sente menos solitário, porque você percebe que a tua dor é parecida com a dor de muitas outras pessoas. O Dr. André Tredinnicke é um juiz excelente e tem trabalhado de uma forma muito insistente nessas alternativas de soluções de litígios e não um enfrentamento judicial… Então todo mundo que tiver oportunidade eu sugiro assistir ao espetáculo que é de graça, é uma forma de entender como funciona esse mecanismo, e entender também que dentro do judiciários faz usos de métodos que não são sentenças que não são prisões, mas que são espaços nos quais as próprias pessoas conseguem buscar soluções para seus conflitos…

Ouça a entrevista completa em:

CBN Direito de Família – Andréa Pachá

Foto: Marcos Queiroz

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Conflitos, Sistemas Familiares e Constelação Familiar

Como sinal visível das mudanças que estão em curso para dar suporte à Nova Estrutura (KUHN, 2017) que surge com a ampliação da consciência humana, aparece a Constelação Familiar: Abordagem terapêutica, percebida por Bert Hellinger ao observar o trabalho de Virginia Satir, Assistente Social e Terapeuta Familiar que criou as Esculturas Familiares ampliando o trabalho de Moreno e outros. Hellinger observou que os representantes traziam algo do representado, mesmo não o conhecendo.

Através de suas pesquisas com um grupo de pessoas que participavam nas representações, Bert percebeu que os sistemas familiares obedecem a três leis que ele chamou de Ordens do Amor e não transmitem sentimentos, apenas existem. Essas leis sistêmicas, Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio entre o Dar e Receber (HELLINGER, 2001), quando em desequilíbrio causam conflito no sistema familiar, fechado.

O Pertencimento atende a necessidade que vem do reino animal quando a exclusão significa a morte. Um animal que é excluído sente que seu destino está traçado. É o que acontece com os leões. Quando o macho envelhece, as últimas crias são mortas ao nascer e ele sente que é o momento de sua exclusão. Um outro leão macho assume a função e ele segue pelas pradarias, para a morte. Para muitos humanos a exclusão tem o mesmo significado: fora do grupo eu morro. Daí, quando um membro do grupo é excluído cria-se um vazio que precisa ser preenchido. E surge uma dinâmica oculta, como a força de um atrator estranho que fica à espreita.

A Hierarquia precisa ser atendida para que todo o grupo fique em segurança. No sistema familiar os pais dão e os filhos recebem. Os pais são os portadores do Fluxo da Vida e passam para seus filhos muito mais do que o direito à vida através de um ato físico quando espermatozoide encontra um óvulo pronto para ser fertilizado. Passam informações, em forma de genes que produzem componentes tais como cor dos olhos, dos cabelos, limite de altura, etc. Os filhos trazem em si, 50% da mãe e 50% do pai. Isto quer dizer que, rejeitar o pai ou a mãe o faz rejeitar a si mesmo. E a hierarquia corrige isto quando é observada.

O Equilíbrio entre o Dar e o Receber, no sistema fechado, precisa ser obedecido sob pena de afastamento e conflito das pessoas envolvidas. Por um motivo: quem dá está em vantagem, por ter algo de que o outro carece, portanto, em situação de superioridade. Já o que recebe é menor, necessita de algo que o outro tem. Seja uma emoção, seja o olhar para si, seja a dependência.

As Leis Sistêmicas, ou como também as chamamos, Forças da Vida, são forças dinâmicas e articuladas que atuam em nossas famílias ou relacionamentos íntimos. Percebemos a desordem dessas forças sob a forma de sofrimento e doença. Em contrapartida, percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo.

As constelações trazem para a superfície as dinâmicas que estão ocultas e são vistas dentro do campo mórfico ou campo morfogenético, que constituiu campo de estudo e investigação do biólogo Rupert Sheldrake. Ele observou que existe, dentro dos sistemas dos animais, um monitoramento. É assim que as aves voam em determinadas épocas para determinados lugares e os pinguins vão para o Polo. Existe um sistema de informação que faz com que estes animais sigam ordens que não têm a possibilidade de ser descumpridas (SHELDRAKE, 2013).

Vivem num sistema fechado.

Sistema é um conjunto de elementos dinamicamente relacionados e que desenvolvem uma atividade para atingir um objetivo ou propósito, operando sobre dados/energia/matéria, colhidos no ambiente que o circunda para fornecer informação/energia/matéria.

A Natureza é composta por sistemas. Nosso organismo é composto por vários sistemas. Dependendo da maneira como os elementos se relacionam entre si e ou com seu ambiente, os sistemas podem ser fechados ou abertos.

O sistema fechado tem poucas entradas e poucas saídas com relação ao ambiente externo. Essas entradas e saídas são bem conhecidas e guardam entre si uma relação de causa e efeito: a uma determinada entrada (causa) ocorre sempre uma determinada saída (efeito). Por esta razão, o sistema fechado é também chamado sistema mecânico ou determinístico. O sistema familiar, fechado, tradicional, é determinístico e foi motivo das observações de Bert Hellinger, criador das Constelações Familiares.

Num sistema familiar fechado, um filho ou uma filha que odeia o pai ou a mãe ou ambos pelo alcoolismo deles, tem elevado percentual de possibilidades de casar-se com um alcoólatra ou tornar-se uma pessoa inflexível em relação à bebida, julgando os que bebem como seres menores ou excluindo de sua convivência os que fazem uso de bebidas alcoólicas. O que aconteceu com este membro que parece ter esquecido o que sofreu com o pai ou mãe alcoólatra e fez o mesmo no caso de casar-se com outro alcoólatra? Ele não percebeu que quanto mais resistia à dor de ter um pai ou mãe que o fazia sofrer, mais ele criava as condições para seu próprio sofrimento por ter sua atenção concentrada no que não queria. O sofrimento o tornou resistente à compaixão. Não troca com o externo, vive sua dor dentro do sistema e não interage e não percebe sua potência. Define-se pelas circunstâncias, ou melhor, as circunstâncias o definem.

Percebemos, no campo sistêmico, que o efeito só acontece quando este membro permanece no sistema fechado, não se abre à compreensão ou à permissão ao pai ou à mãe de serem do jeito que lhes foi possível. Mesmo que tenha trazido sofrimento, a gratidão à Vida que recebeu dos pais deveria ser mais forte do que as condições externas.

No sistema aberto com sua interdependência o julgamento e a crítica destrutiva vão dando espaço para uma outra dimensão que o humano cria: a aceitação da vida e de tudo que dela surgiu da forma como surgiu. E com a aceitação criativa diante dos fatos passados vem a possibilidade de expansão da consciência frente aos atos que envolvem o planeta e as próximas gerações. É o que expressa Hans Jonas “Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a Terra” (JONAS, 2006, p.47).

Sair do sistema fechado para o sistema aberto exige consciência de si, da Natureza, e o reconhecimento de que somos todos viajantes da mesma nave e com os mesmos direitos de transitar entre os saberes e sistemas.

Para saber mais sobre o assunto, confira o livro “Conversando sobre Constelação Familiar na Justiça.”, coordenada pelos autores André Tredinnick e Juliana Lopes Ferreira e publicada pela Empório do Direito, editora Tirant Lo Blanch, com lançamento no dia 03 de outubro de 2019.

 

REFERÊNCIAS

BERTALANFFY, Ludwig von. Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Tradução: Francisco M. Guimarães, Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno Tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FERREIRA, Juliana; TREDINNICK, André. Conversando sobre Constelação Familiar na Justiça. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019.

HELLINGER, Bert. Ordens do Amor: um guia para o trabalho com constelações familiares. Tradução: Newton de Araújo Queiroz, São Paulo: Cultrix, 2001.

JONAS. Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro, Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução: Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 2ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2013.

SHELDRAKE, Rupert. Uma nova ciência da vida: a hipótese da causação formativa e os problemas não resolvidos da biologia. São Paulo: Editora Cultrix, 2013.

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SISTEMAS E INCLUSÃO

Estamos num momento histórico no qual alguns comportamentos tidos como natural começam a ser questionados provocando mudanças, nem sempre entendidas pela maioria e que entram numa rota de difícil retorno.

A conquista pelo voto feminino, os direitos humanos, tudo que saia da normalidade do já estabelecido, foram anomalias no início. Anomalia que, segundo Thomas Kuhn em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicasé uma violação as expectativas paradigmáticas que governam a ciência normalTrazendo o mesmo conceito para o desenvolvimento da sociedade humana, violar as expectativas de uma sociedade patriarcal é o caminho da evolução da mesma. Assim, as mulheres começaram a conquistar um lugar na estrutura social.

O embate pela implantação dos Direitos Humanos e pelo respeito à Natureza, a inclusão dos chamados “diferentes” entre outras anomalias ensejam mudanças, no início imperceptíveis, que abrem caminho nas fraturas do sistema em vigor que já não responde aos anseios da Alma humana. É o surgimento de uma Nova Estrutura, que é composto do que antes era considerado uma anomalia e que será a base do novo modelo paradigmático.

A exclusão sempre foi um recurso usado pela humanidade para não entrar em contato com o diferente, com o que não cabia na interpretação de um mundo resultante de um sistema rígido, de hierarquia verticalizada, escorada no sagrado, no misterioso. Os loucos, os deficientes, os questionadores, eram excluídos do sistema.

Assim como na Natureza, tudo segue um fluxo de desenvolvimento. É assim no nascimento das sociedades e na evolução do conhecimento.  A aceitação das anomalias que surgem como indicativos de uma nova rota não se dá com facilidade, exatamente pela rigidez dos sistemas de primeira camada onde a humanidade ainda se vê como descolada da Natureza, como se fosse o centro onde a sua verdade impera. Os sistemas de pensamento criado pela Natureza humana de querer conhecer segue uma lógica que é atravessada pelo criacionismo que a impede de avançar sem culpas e a mantém sob controle.

Tendo a saga humana como origem a desobediência e a expulsão do paraíso, a partir daí tudo que não é “perfeito” seria consequência. A exclusão dos efeitos seria o caminho natural para não “ver” o pecado original. Para não ver a si mesmo como o gerador do sofrimento, do embate entre a queda e a ascensão, o retorno ao paraíso e a realidade do inferno. A única forma de seguir em frente seria “fazer de conta” que existe um padrão de comportamento, de estar no mundo, que deve ser seguido por todos. É o salvacionismo sendo introduzido na mente coletiva.

Charles Darwin e a Evolução da Espécie e Seleção Natural observada no reino animal traz uma nova informação que junto com os estudos dos cosmólogos nos tira o chão seguro e infantil da criação em sete dias, mas sem deixar que tudo tenha sido apenas um acaso. A Vida ocupa o tempo de muitas mentes que se dedicam a buscar respostas para perguntas sobre como o mundo foi criado, o que é Vida e outras mais. Muitas hipóteses formuladas e que avançam com as pesquisas de muitas mentes em muitos lugares que valorizam e financiam as pesquisas.

Com o avanço da ciência vamos desvelando a relação da Natureza e o Ser Humano e vendo nesta interação a responsabilidade individual com o planeta e com os seus habitantes. Para percebermos que toda a diversidade reafirma a grandeza humana precisamos sair dos padrões construídos nos sistemas onde a interação só acontece entre elementos do mesmo sistema. São os sistemas fechados que não trocam informações com o exterior. Seguem mantendo o mesmo do mesmo. Quando apresentam alguma novidade é sempre o avesso do avesso.  Este padrão foi satisfatório num momento histórico construindo bases e ferramentas que possibilitaram a extensão e qualidade de vida na terra.

Um exemplo entre tantos outros foi o surgimento da água encanada e esgoto. Na Grécia antiga, já havia a preocupação com a saúde e criaram o costume de enterrar as fezes ou deslocarem para um local bem distante de suas residências.

Já os sumérios originaram a construção de sistema de irrigação de terraços e os egípcios iniciaram a construção de diques e a utilização de tubos de cobre para o palário do faraó Keops.

As primeiras galerias de esgoto da história foram construídas em Nippur, na Babilônia. O Vale do Indo e suas cidades são conhecidas pelos planejamentos urbanos e sistemas de abastecimento e drenagem elaborados para época mas foi o Império Romano que primeiro tratou o saneamento como política pública, tendo construído grandes aquedutos, reservatórios, banheiros públicos, chafarizes tendo inclusive criado um cargo com o interessante nome de Superintendente de Águas de Roma.

Mas não tinham um olhar para os diferentes. Só existia um padrão, o do homem romano.

Quanto mais a ciência foi avançando mais evidente ficou a igualdade entre os seres humanos e o valor de todos os seres viventes. As ciências médicas e biológicas adentraram nas células e não viram diferenças moleculares entre negros, brancos e índios.

Em relação aos seres viventes, descobriram que tanto a forma mais rudimentar de vida quanto os organismos mais sofisticados têm funções específicas na manutenção do equilíbrio na Natureza.

À medida que foi desvelando a Natureza, os mitos se dissiparam e a ciência entrou nos intrincados mecanismos que tornam possível a homeostase, que é a busca do equilíbrio pelos organismos. O termo homeostase, do grego homoios, o mesmo, e stasis, parada, foi criado por  Walter Bradford Cannon, fisiologista e médico norte-americano, conhecido por uma série de investigações experimentais no processo de digestão, no sistema nervoso e em mecanismos reguladores do corpo, e não se referia a uma situação estática, mas a algo que varia dentro de limites precisos e ajustados.

E à medida que o conhecimento vai avançando, individual e como sociedade, a forma de organização também vai se transformando. É a busca pela homeostase do conjunto de humanos que está inserida num conjunto maior chamado seres viventes.  E o que era aceitável passa a ser inadmissível.

Mas não é sem reação que acontecem as mudanças nos sistemas e na consciência humana. A evolução do conhecimento é lei a ser seguida. E do mesmo jeito que após a alfabetização torna-se impossível o retorno a condição anterior, também na alma humana, à medida que a ciência avança e a consciência tem mais recursos para avançar no conhecimento, nasce na Alma humana o desconforto com o padrão existente. E surgem pessoas que falam sobre o desconforto e buscam uma melhor forma de agir. São os ativistas, os que primeiro expressam o próprio desconforto com a forma como as relações, sejam com as pessoas, com os animais ou com o meio ambiente, acontecem. O desconforto se dá pela visão mais ampliada em direção ao outro. Tornam-se porta-voz do inconformismo. Assim caminha a humanidade.

Para a homeostase civilizatória é necessário o equilíbrio da sociedade. E este equilíbrio acontece quando as comunidades abrem seus sistemas e passam a trocar, incluindo todos em todas as partes. Incluir é apenas o início de um processo cujo destino não é a aceitação da diferença, mas a quebra das barreiras que separam os seres humanos. É a não distinção entre as várias formas de estar no mundo.

E a forma de estar no mundo varia ao infinito. Assim como toda forma de amar deve ser vista como natural, toda forma de estar no mundo também deve ser visto com naturalidade. Os recursos a serem disponibilizados para os que sofrem por não conseguirem comunicar a sua forma de ver o mundo estão (ou já foram) criados com a ajuda da tecnologia. Falta aperfeiçoamento e, principalmente, acessibilidade.

Hoje a linguagem libras ainda não está disponível a todos em todos os rincões do país. E quando a ciência chegar ao modelo ideal para a correção da visão com a implantação de chips ou coisa equivalente? Será para todos ou para os providos de recursos financeiros? O Estado continuará a ser um Estado arrecadador ou se tornará um Estado Cuidador onde o cuidar passa a ser um valor jurídico?

O mesmo vale para todo o tipo de “deficiência”. Quem tem presbiopsia, distúrbio da visão que ocorre aproximadamente aos 45 anos, em que, por perda da elasticidade e do poder de acomodação do cristalino, o indivíduo não percebe mais com nitidez os objetos próximos, o que o senso comum chama de  vista cansada, tem acesso a óculos para continuar mantendo qualidade de vida?

Incluir exige ações que virem políticas públicas. Para tanto, é preciso que a sociedade civil se mobilize para encaminhar propostas concretas e, muitas vezes, já testadas, que produzam uma sociedade mais justa e igualitária.

Dar voz aos que vivem a exclusão, é o caminho. São eles que conduzirão o olhar daqueles que sabem de exclusão apenas na teoria.

O Seminário de Inclusão é a forma pela qual a Práxis diz: Presente!

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